Fonte: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1269256-15605,00.html
Depois de ter perdido a visão num acidente de carro, o funcionário público Telésforo Nogueira teve que fazer curso de um ano para aprender a andar de bengala.
“À medida em que eu bato a bengala de um lado, eu ponho o pé do outro”.
Nesta semana, pela primeira vez, em 29 anos, ele caminhou na rua, com as mãos livres da bengala.
O funcionário público é um dos primeiros cegos a testar o aparelho, criado em um hospital filantrópico para deficientes visuais, em Belo Horizonte. A ideia é simples, mas exigiu muita pesquisa. O equipamento é cheio de sensores. E, ao detectar um obstáculo, emite sons de alerta.
O aparelho é preso ao corpo e ligado a uma bateria que cabe no bolso. Por enquanto, é só um protótipo testado em voluntários.
Um dos problemas revelados pelos testes é que o equipamento ainda não consegue identificar quando, diante do cego, há buracos ou degraus. “Eu não tenho confiança nele pra isso igual eu tenho na bengala”, disse Telésforo Nogueira.
“Vai haver um sensor pra isso, apontado pro chão”, disse o médico oftalmologista, Leonardo César Gontijo.
Agora, nós vamos fazer outro teste com a Vera, que já nasceu com deficiência visual. E ela será sempre filmada de lado ou de costas para que o aparelho não capte o sinal da nossa câmera.
O aparelhinho apita: “é um poste!”. Alguns passos adiante e novo alerta. “Alguém entrou na frente”!
Com duas outras voluntárias, ela bate em um orelhão. Mas o susto foi útil. A batida no orelhão fez o médico-inventor pensar em instalar sensores também na altura dos olhos.
“Já parti um dente no orelhão”, contou uma voluntária.
O substituto de bengalas mineiro vai ser apresentado semana que vem no Congresso Brasileiro de Oftalmologia. O equipamento deve começar a ser vendido em um ano.
“Eu imagino que deva custar o preço de um celular”, disse o médico.
E só quando o aparelho estiver mesmo nas ruas é que saberemos se as bengalas para cegos, um dia, vão ser coisa do passado.
“A bengala avisa, mas o aparelho avisa mais rápido”, disse a deficiente visual Vera de Abreu.
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