quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Pessoas com deficiência denunciam acessibilidade precária em ‘Novo’ Maracanã

O Maracanã, reconstruído para os grandes eventos esportivos no Rio de Janeiro, prometia ser um estádio moderno, em que o acesso de pessoas com deficiência às suas instalações seria contemplado. O IBDD, no entanto, desde a reinauguração do estádio em junho, vem recebendo denúncias de torcedores que apontam a acessibilidade insatisfatória do lugar como o principal problema. “É uma mudança da água para o suco de uva”, compara Heitor Luiz Menezes, cadeirante, que já assistiu a dois jogos desde a reabertura do espaço. “Apesar da restauração, ainda há muito para ser melhorado. Minha cadeira de rodas quase ficou presa em calhas de água encontradas no chão do espaço, todas as rampas têm inclinação errada, e apenas alguns pisos possuem elevadores de acesso”, explica. 
No último domingo, o torcedor Américo Laurentino, que tem deficiência física, também apontou as mesmas dificuldades ao assistir a uma partida no estádio. “Para chegar à área destinada aos deficientes físicos tive de caminhar três rampas bem longas, cujo piso encontra-se todo desnivelado. Essa irregularidade pode levar qualquer pessoa a cair no chão e ter graves lesões ou escoriações”, reclama. 
Em junho, o estudante Henrique Nunes, que também é deficiente físico, por causa de problemas para chegar até a entrada do Maracanã teve que voltar para casa. “Cheguei ao estádio com meu pai, duas horas antes do jogo entre Itália e México. Queria entrar com tranqüilidade, sem tumulto, mas chegando lá o guarda não permitiu o acesso do veículo na Avenida Maracanã. Nenhum agente sabia informar como era o acesso para deficientes e não quiseram liberar a passagem do carro”, denuncia. 
“As vagas do entorno do Maracanã foram transformadas em área de estacionamento proibido. Na Copa das Confederações, a opção era estacionar perto da Quinta da Boa Vista em São Cristóvão e pegar um ônibus adaptado que levava pessoas com deficiência até um ponto do estádio”, explica Heitor Luiz. 
O cadeirante Daniel Magalhães também teve problemas para entrar no estádio. Assim como Henrique, ele não conseguiu encontrar um estacionamento específico para pessoas com deficiência e não foi informado sobre outra opção. “Perguntei para mais de 50 funcionários, mas ninguém soube explicar”, conta. 
Outra reclamação freqüente é sobre os ingressos destinados a pessoas com deficiência: “As bilheterias para os deficientes não funcionam até o início dos jogos conforme as demais. O deficiente tem que chegar com muita antecedência para conseguir o ingresso, muitas vezes tendo que voltar para casa e depois retornar ao estádio.” contesta Américo.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Falta de acessibilidade dificulta o emprego de pessoas com deficiência

Em Bauru, sobram oportunidades, mas, maioria continua desempregada.
Apesar do investimento em qualificação, vagas não são preenchidas. 

Por lei, as empresas com mais de cem funcionários devem reservar uma quantidade de vagas para trabalhadores com deficiência, obrigatoriedade que pode estar sendo ignorada. Mesmo quem busca qualificação enfrenta resistência para entrar no mercado de trabalho. E essa resistência pode estar associada à falta de estrutura física das empresas para receber trabalhadores com necessidades especiais.
Adriano Cândido da Silva é aluno do curso de mecânica do Senai. Ele usa as mãos pra explorar o motor e para falar. A surdez não o impede de trabalhar, nem de aprender como os colegas. “Eu conheço pessoas em São Paulo que são deficientes visuais, cegas, mesmo assim trabalham com mecânica e agora temos o Adriano aprendendo com a gente. Se a pessoa tiver vontade, a superação não tem limites”, conta o professor Carlos Alberto de Jesus.
Para garantir o aprendizado, Adriano ainda conta com a ajuda de um intérprete. “Eu fico feliz de poder ajudar as pessoas surdas a aprenderem. O Senai foi a primeira escola nesse setor a estar preocupada em colocar o intérprete junto, para auxiliar no aprendizado”, destaca Marcos Dias.

  
Adriano realiza o curso com a ajuda de um intérprete (Foto: reprodução/TV Tem)           
A dedicação do estudante faz a diferença, mas atualmente existem vagas sobrando no mercado para pessoas com necessidades especiais. Consultoria de recursos humanos tem sido cada vez mais procuradas por empresas que pedem processo seletivo para contratação de pessoas com deficiência, principalmente por causa da legislação. “A gente recebe currículos diariamente, hoje nós temos mais de 100 candidatos no nosso banco de cadastro aguardando uma colocação no mercado de trabalho”, explica a consultora de Recursos Humanos Natacha Nishirara.
 
Oportunidade de sobra

Vagas de emprego voltadas para pessoas com deficiência também estão à disposição no posto de atendimento ao trabalhador. “Pouco se interessam, não há uma grande procura das pessoas com deficiência também e as empresas precisam cumprir as cotas que estão na lei de 1995”, completa Alexandre Bertoni, diretor regional da Secretaria do Emprego e das Relações do Trabalho (Sert).
Diante de tantas oportunidades, o que explica a situação do auxiliar administrativo Fábio Ricci? Ele tem segundo grau completo, qualificação em telemarketing e fez um curso técnico de auxiliar administrativo. Mesmo assim está há mais de um ano procurando emprego.
É uma grande dúvida da mãe dele. “Eu não consigo entender o que acontece, se eles não se enquadram no perfil da empresa, se eles não estão adequados para acessibilidade”, afirma Tereza Ricci.
 
Acessibilidade

Empresas que dizem ter dificuldade para contratar pessoas com deficiência podem estar encobrindo o fato de não terem acessibilidade, como rampas de acesso e banheiros adaptados. “Grande parte das empresas que se enquadra na cota de deficientes ainda não estão adequadas quanto à acessibilidade e acabam esbarrando nisso, há também outros motivos, mas esse é um dos entraves na contratação”, explica José Eduardo Rubo, gerente regional do Ministério do Trabalho.
O Ministério do Trabalho fiscaliza e multa as empresas que não estão de acordo com a legislação. “Nós passamos a visitar 20 empresas por mês, em média, desde março só para fiscalizar tanto a cota de deficientes como de aprendizes”, completa.
Mas isso não impede que profissionais como o Fábio continuem desempregados. “Eu acho isso uma falta de respeito contra a gente, nós, pessoas com deficiência, que não andamos ou temos outras dificuldade também temos nossos direitos”, completa.

A inclusão de alunos especiais começa dentro de casa



Com paralisia cerebral desde o nascimento, Marco Aurélio Condez teve ajuda do pai, Manoel Joaquim Condez, para se formar em Jornalismo Foto: Agência o Globo / Eliária Andrade
SÃO PAULO - A roteirista carioca Laís Pimentel teve Francisco há 12 anos, quando morava em Londres. Grávida aos 35 anos, ouviu do médico após o parto: “Como você deixou isso acontecer?”. Ter Francisco, portador da Síndrome de Down, não foi apenas uma escolha, mas também um grande aprendizado para Laís. Ela e outros pais de crianças com deficiência abraçaram a educação dos filhos. E mostram o quanto sua atuação é importante à medida que movimentos pela inclusão crescem, ainda de forma tímida, no Brasil.

Há 10 anos, quando Laís resolveu voltar ao Rio, Francisco foi rejeitado por quatro escolas particulares da Zona Sul. Isso vai contra a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, que prevê a educação de alunos especiais em escolas regulares.

— Primeiro, chorei; depois, me revoltei. Pensei em processar, mas não fiz, não ia querer meu filho estudando num local onde ele era persona non grata — conta Laís.

Francisco foi aceito na Escola Parque, onde cursa hoje o 6º ano do ensino fundamental. Laís sabe que é privilegiada por poder pagar a escola e todos os extras — fonoaudióloga e aparelhos de tecnologia, aliados na educação de crianças especiais.

— Mas, mesmo assim, a vida acadêmica do Francisco é o que mais ocupa meu tempo. Exijo muito dele, me sento para fazermos o dever e não aceito que ele use o Down para fugir das obrigações — relata Laís, que, desde cedo, percebeu como Francisco “aprende muito vendo”.

O quarto dele é como um mural: letras, números, planetas. O adolescente aprende inglês, francês e é ótimo em matemática. Em sala, possui uma mediadora, profissional essencial, segundo a mãe, para ajudá-lo avaliando o que ele é capaz de acompanhar. As provas são adaptadas.

— Como Francisco não tem capacidade de decorar, precisa aprender mesmo. A prova testa se ele foi capaz de entender, por exemplo, o que é uma raiz quadrada. Tudo dá mais trabalho, mas acho isso desafiador para mim, para os professores e para os colegas da turma — acredita Laís.

Rio e São Paulo investem mais

Portador de paralisia cerebral, o paulistano Marco Aurélio Condez contou com a ajuda do pai para driblar estatísticas desfavoráveis. E não são poucas. Segundo o IBGE, 24% da população brasileira têm algum tipo de deficiência (motora, mental, visual ou auditiva). Mesmo puxando os números para cima, dada a educação especializada que há muito recebem no Brasil, nem os cegos e os surdos conseguem evitar que apenas 3,39% de pessoas como Marco Aurélio consigam completar o ensino superior no Brasil. Se 8,8% das crianças sem deficiência não estão alfabetizadas, o número das com deficiência analfabetas sobe para 17,9%, o que mostra que o início do período escolar pode ser extremamente difícil.

A doença de Marco não atingiu seu intelecto, mas afetou severamente seus movimentos e fala, o que não o impediu de receber, mês passado, o diploma de conclusão de um curso universitário: o de jornalismo. O pai, Manuel Condez, bancário aposentado, 60 anos, foi homenageado na festa de formatura porque, durante quatro anos, frequentou todas as aulas na Universidade São Judas Tadeu ao lado do filho.

— Ele era uma extensão do meu corpo. Quando não podia fazer algo, ele estava ali para ajudar. Anotava a aula, fazia prova, eu soprava as respostas no ouvido dele — conta Marco, de 26 anos, que sonha em ser cronista esportivo (a pedido do GLOBO, escreveu uma crônica sobre a Copa do Mundo de 2014. Está no site do jornal).

Marco usa um programa de computador que faz o cursor se movimentar com sua voz. Abre uma janela com o alfabeto e ele vai digitando, letra por letra. Manuel acha que não fez mais que sua obrigação. Nos ensinos fundamental e médio, confessam os dois, gostariam de ter tido mais orientação e ajuda pedagógica.

— Foi bem difícil. O Marco não conseguiu cursar a escola pública, precisou ir para uma particular. Os mediadores tinham pouquíssima experiência. Não adianta só incluir, é preciso apresentar subsídios — diz Manuel, acrescentando que muitos estudantes e familiares acabam desistindo pelo caminho.

Nas duas maiores cidades brasileiras, as redes públicas se dizem mais bem preparadas a cada ano para receber alunos especiais. A Secretaria Municipal de Educação do Rio diz que, se o valor destinado à educação especial em 2009 foi de cerca de R$ 792 mil; em 2013, é de R$ 7,6 milhões.

— Dos 11.840 alunos com deficiência que hoje temos na rede, 6.730 são incluídos, estão em turmas regulares. Nossa ideia é ter todos em escolas regulares daqui a alguns anos — diz Kátia Nunes, coordenadora de Educação Especial da prefeitura, admitindo que muito trabalho ainda precisa ser feito na capacitação de profissionais para atender a esses alunos e na interação da escola com os pais.

‘Políticas são incipientes’

Em São Paulo, um projeto de ponta realizado desde 2001 e ampliado a partir de 2008 (data da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva do MEC), fez aumentar de 2,2 mil para 15,5 mil o número de alunos incluídos, quase 100% deles (à exceção de alguns surdos) em escolas regulares.

O autismo talvez seja o transtorno mais complicado para inclusão. Mãe de Nathália, de 27 anos, a pedagoga Eliana Boralli fundou, em São Paulo, a Auma (Associação dos Amigos da Criança Autista), que, desde 1990, é um centro de referência para pais e profissionais. Segundo Eliana, apesar de haver tentativas e de o Brasil estar menos preconceituoso em relação a deficiências, “as políticas inclusivas aqui ainda são imaturas e incipientes”:

— Se pais e profissionais não forem treinados para tentar estabelecer pontes que tragam a criança autista e seu mundo particular ao nosso, não é inclusão, e sim, surra pedagógica.

Foi na Auma que Nathália aprendeu a ler, escrever e, principalmente, a ter empatia com o outro. Através de, basicamente, muita repetição e associação. E com muito auxílio da tecnologia.

— Ela agradece, pede licença, pergunta se alguém que chora está triste, pede para ir ver a avó por estar com saudade. Ela aprendeu os modelos do amor. Foi o amor que salvou a minha filha — conta Eliana. — O amparo deles precisa ser diferenciado mesmo. Mas dizer que um autista não consegue interagir e, eventualmente, ser semi-independente é sinônimo de preguiça ou de desconhecimento.





quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Lutador deficiente consegue décima vitória no MMA


 Ele não é brasileiro, não luta no UFC e não é campeão em outro torneio, mas vem chamando atenção pelo seu cartel invicto e por ter uma deficiência física. Com dez vitórias consecutivas, o americano Nick Newell mostrou que é possível ter sucesso no MMA, mesmo que tenha uma amputação no antebraço esquerdo. Na noite deste sábado, ele conseguiu seu décimo triunfo ao finalizar Keon Caldwell no primeiro round, com uma incrível guilhotina invertida, no World Series of Fighting. Mas se engana quem acredita que falta pouco para Nick Newell entrar no octógono do UFC. Em janeiro, Dana White disse não acreditar que uma comissão atlética liberaria o garoto de 27 anos para um combate no torneio. "Será que as maiores comissões atléticas deixariam ele lutar? Talvez até consiga em outros estados, mas lutar com apenas um braço me parece loucura.”

CONADE entrega a parlamentares conjunto de sugestões para o Estatuto da Pessoa com Deficiência

Uma comitiva do Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência (Conade), esteve no Congresso Nacional para entregar um conjunto de contribuições ao substitutivo do projeto de lei do Estatuto da Pessoa com Deficiência (PL 7699/2006). O documento foi entregue ao autor do projeto, senador Paulo Paim, na segunda-feira (5), e à relatora, deputada federal Mara Gabrilli, nesta terça -feira (6).

O documento reúne o resultado de dois dias de discussão com representantes da sociedade civil e governo durante a realização de uma oficina com o tema Estratégia de Monitoramento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, realizada nos dias 1 e 2 de agosto, na sede da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), em Brasília.
Para a deputada Mara Gabrilli, a contribuição do Conade é fundamental para qualificar o trabalho da relatoria. “Estou recebendo opiniões para cada artigo do Estatuto e o fato desta contribuição estar assinada pelo Conade, me dá muito mais chancela para esclarecê-lo ponto a ponto de forma legítima”, comentou.
Além das contribuições, o Conade também destacou uma comissão de conselheiros para acompanhar a tramitação do substitutivo na Câmara dos Deputados, de forma que o Estatuto da Pessoa com Deficiência seja elaborado de acordo com a Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência.
O senador Paulo Paim, que apresentou o projeto do Estatuto em 2000, crê na disposição do governo pela aprovação do substitutivo. “Tenho notado o interesse da Secretaria dos Direitos Humanos nesse debate. Nossa posição é valorizar na prática a pessoa com deficiência, além do discurso”.
Com uma consulta pública em andamento, a relatoria tem até outubro para consolidar os trabalhos. A proposta deverá ser votada na Câmara dos Deputados ainda este ano.
Estiveram na comitiva as conselheiras Claudia Barata, da Associação Brasileira de Neurologia (ABN); Maria Aparecida Gurgel, da Associação Nacional do Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência (Ampid); Fernanda Cavalcanti, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o conselheiro Raimundo Nonato Lopes, do Ministério da Previdência Social.

Assessoria de Comunicação Social

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

6º Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência

PROGRAMAÇÃO CULTURAL:


Festival “Assim Vivemos” – 6º Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência acontecerá no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, dos dias 20 de agosto a 1º de setembro de 2013.


O festival tem como protagonistas as pessoas com alguma necessidade especial, tanto nos filmes quanto no público, com acessibilidades como audiodescrição, catálogos em Braille, legendas closed caption, interpretação em Libras nos debates e salas de cinema acessíveis a cadeirantes. Serão exibidos 24 filmes de 14 países e realizados quatro debates, reunindo esse público, profissionais especializados, professores universitários e diretores de cinema, entre outros.


Mais informações no site do CCBB: http://www.bb.com.br/portalbb/page511,128,10153,1,0,1,1.bb?dtInicio=8/2013&codigoEvento=5349




segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Entrevista com Danieli Haloten



Para a jornalista curitibana Danieli Haloten (33), integrante da equipe do “Profissão Repórter”, em 2006, e atriz da novela “Caras & Bocas”, em 2009, ter escrito a biografia “Uma Viagem no Escuro”, disponibilizada em formato digital, foi a “melhor parte” de seu intercâmbio mal sucedido no Canadá, em 2011.

Apesar do potencial turístico, o Brasil ainda não oferece uma estrutura adequada para receber estrangeiros com deficiência visual. Você tem sugestões de como melhorarmos nesse quesito?
O interessante seria que as empresas contratassem profissionais como eu para dar palestras a fim de orientar os funcionários, como também consultoria para fazer as devidas adaptações.

Uma das maiores barreiras dos turistas com deficiência visual são as atrações de museus nas quais não se é permitidas tocar. Exclui-nos totalmente. Deveria haver exceção para que os cegos pudessem encostar-se a tudo, pois nós temos sensibilidade e não vamos destruir as coisas.
Aqui em Curitiba teve a exposição de réplica de animais pré-históricos, em tamanho real. Eu fui ver toda animada, mas não pude conhecer os dinossauros, porque estavam cercados de uma proteção, o que me frustrou muito, pois adoro exposições históricas.
Um outro problema a ser ressaltado no Brasil é a preservação do patrimônio histórico em detrimento da segurança. Em Natal (RN), a ponte que liga o continente ao Forte dos Reis Magos não tem nenhuma proteção. Como o vento ali é muitíssimo forte, é muito perigoso alguém cair no mar. Por mais que seja um patrimônio histórico, a segurança dos visitantes não pode ser colocada em risco por nada.
Em sua opinião, falta espaço na mídia para a discussão sobre a acessibilidade?
Faltam profissionais qualificados para abordar o tema na mídia. Estou cansada de ver inverdades e bobagens em reportagens, devido ao desconhecimento sobre o assunto. Se contratassem jornalistas com deficiência, não só para falar desses temas, com certeza ajudariam a informar melhor as pessoas. Até porque, quando se tem um profissional com deficiência no local, o assunto acaba vindo à tona, pelas circunstâncias do dia-a-dia, o que é muito positivo.
Minha participação no programa “Profissão Repórter” e na novela “Caras & Bocas”, da Globo, provou isso. Até hoje, sinto o reflexo do meu trabalho nas ruas. Teria de haver mais oportunidades para os atores com deficiência trabalharem em novelas, para que se pudesse abordar o assunto com naturalidade, como é na nossa vida real.
Uma vez que o mercado não acordou para essa realidade, está perdendo um grande nicho. Entre os 190 milhões de brasileiros, somos 46 milhões com algum tipo de deficiência, fazemos parte do mercado consumidor e do público. Dessa forma, o mercado não está ignorando somente 25% do público alvo, levando-se em conta que boa parte dos outros 75% participam da vida de alguma pessoa com deficiência.
Com isso, perde-se em responsabilidade social, quanto à conscientização, e uma fatia do mercado consumidor é desperdiçada.



RELIGIÃO EM LIBRAS